João Passos, mineiro de Novo Cruzeiro, líder do SindForte

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A última edição do jornal Transporte Forte (número 220), informativo impresso do nosso Sindicato, trouxe uma matéria contando um pouco da história presidente João Passos e como ele se tornou um líder sindical da categoria. A reportagem, rica em informações sobre as lutas dos trabalhadores em transporte de valores e escolta armada do nosso Estado, foi muito bem recebida em toda a base. Vale a pena conferir.

O presidente do SindForte nasceu dia 8 de janeiro de 1952 em Novo Cruzeiro, cidade mineira no Vale do Jequitinhonha, à época com 15 mil habitantes. João Passos é o segundo filho de trabalhadores rurais. Aos 13 anos, já trabalhava na lavoura. Viveu em Novo Cruzeiro até os 19 anos. Em 1971, desembarcou em Barra Bonita, Interior paulista, e foi trabalhar na roça. Trabalhou dois anos no corte de cana. Em 1973, transferiu-se para Campinas, onde iniciou uma trajetória sindical pontuada de vitórias e vive até hoje, junto à esposa e os filhos.

Migrante – Quando chegou em Campinas, em 1973, João Passos foi morar numa pensão na rua Dr. Ricardo. Seu primeiro emprego foi de cobrador de ônibus, na Rápido de Luxo Campinas. “Era fácil arrumar emprego. Trabalhei como cobrador por mais de um ano e meio”, lembra João.

Com ensino médio completo, ele fez vários cursos de reciclagem profissional e de formação sindical. Exerce o cargo de tesoureiro na Federação dos Vigilantes do Estado e responde pela Região Sudeste na diretoria da Confederação Nacional da categoria (CNTV). É fundador da Força Sindical.

O mineiro de Novo Cruzeiro teve vasta militância partidária, atuando em legendas como PSB, PT e PCdoB. Afastou-se da vida partidária para se dedicar ao sindicalismo.

Guarda – Em 2 de dezembro de 1976, ingressou na Guarda Noturna de Campinas como vigilante. Passou a prestar serviço na Bosch do Brasil. João Passos foi vigilante na Guarda até 1984. E foi promovido a chefe de segurança com apenas um ano e meio de trabalho.

Sobre a Guarda, ele comenta: “Na época, quase não havia empresa particular de segurança patrimonial. O reconhecimento legal da atividade só veio com a Lei 7.102/83. Empresas fortes, como a Bosch, recorriam à Guarda”.

O primeiro contato com o movimento sindical se deu em 1983, quando ainda estava na Guarda Noturna. João Passos já era reconhecido pelos colegas como liderança espontânea da categoria.

Sindicalismo – João fala como chegou ao sindicalismo: “Em março de 1983, um dirigente da Associação dos Vigilantes de São Paulo foi a Campinas contatar trabalhadores dispostos a criar uma entidade e me procurou por indicação dos próprios vigilantes. Em maio, estava criada a primeira Associação do Interior”.

O movimento desaguou na primeira greve estadual de vigilantes, que durou 13 dias. Ele conta: “O vigilante era pisoteado; chegava a apanhar dentro das empresas. As empresas pagavam o que queriam. Hora extra, nem pensar. Só tinha militar nas gerências: quem reclamava pagava caro. A greve conquistou o Piso para todas as empresas da patrimonial e do transporte de valores”.

Em 1984, a entidade foi transformada em Associação Profissional dos Empregados em Empresas de Segurança e Transporte de Valores de Campinas e Região, e João ocupou a vice-presidência. Ele lembra da ajuda do advogado Argeu Quintanilha de Carvalho (falecido em 2010), que, anos depois, foi delegado regional do Trabalho, quando concedeu registro sindical às primeiras entidades dos vigilantes.

João Passos saiu da Guarda Noturna em 1984 e foi para a Alvorada, empresa de vigilância patrimonial e transporte de valores. Um ano depois, a Protege comprou os carros-fortes da empresa, absorvendo também alguns funcionários. João foi um dos empregados que a Protege contratou.

“Comecei na empresa dia 2 de dezembro de 1985, como vigilante de carro-forte. Com oito meses, fui promovido a chefe de equipe, minha função até hoje”, lembra.

Fundação – O SindForte nasceu em 16 de fevereiro de 1992, com João Passos vice-presidente. Em 1996, assumiu a presidência.

“A criação do nosso Sindicato só trouxe vitórias. Adicional de risco de vida de 30% para os vigilantes do carro-forte, tíquete-refeição, café da manhã nas empresas, entre outras, são conquistas da nossa luta. A segurança dos veículos melhorou devido à nossa pressão. O patrimônio da categoria também cresceu. Hoje, o SindForte tem sede própria, na Capital, subsedes em nove cidades, Colônia de Férias em Bertioga, um terreno em Praia Grande, automóveis e outros bens”, destaca nosso presidente.

Escolta – O setor da escolta armada foi incorporado ao Sindicato em 2000, com a homologação da alteração estatutária pelo Ministério do Trabalho. A mudança inaugurou uma era de melhorias, como o adicional de risco, que não existia na época e hoje está em 25%.

História – Em 1993, o transporte de valores cruzou os braços no Estado, por três dias. Resultado: saímos da greve com a conquista do adicional de risco de vida. Aquela greve marca nossa história e mostra que a categoria, organizada em Sindicato próprio um ano antes, nascera disposta a lutar e conquistar!